E se hoje for meu ultimo dia, nao fique triste,
Quando se morre vivendo nossos sonhos é o mesmo que dormir e acordar num sonho doce.
Bolivia, La Paz – Abril 2015
É doce porque sente, ácido porque pensa, é feliz porque vive. Existir não basta, ser exige. Existir não convém, mas ao desdém eu respondo como uma dinamite. É doce por que transmite, Ácido por que o PH é bem menor que sete…
E se hoje for meu ultimo dia, nao fique triste,
Quando se morre vivendo nossos sonhos é o mesmo que dormir e acordar num sonho doce.
Bolivia, La Paz – Abril 2015
E pela terceira vez consecutiva
Esta mesma história de quem confunde a amizade
A dor de conviver
De dividir a mesma cama
Sem te querer “do mesmo jeito”
E mesmo assim me dar…
Pra satisfazer seus vazios
Suas más interpretaçoes do que é amar
Vem e me beija a solidao
Já esperava que uma hora ou outra
Isto me passaria outra vez
Só nao esperava que seria de você
Outra história para a coleçao
Quem me era inspiraçao
Em questao de desafagos
– desilusao
De luz prendida, tudo igual
Na escuridao – outro animal
sedento do que eu nao posso repartir
Ja que hoje sou inteiro
Melhor te vêr partir
Que gentil e solidário
Tembra no meio das minhas pernas
Que mesmo sem ganas de ti
se entrepou com seu prazer
Sim, vai que dalí saia um orgasmo
Uma paixao instantanea…
Nao sei…
Mas na verdade, nada !
Minutos mais tarde, desfez até a amizade.
Que gentil minha vagina,
Ainda estava dormida
Acordou, você gozou…
E eu o que ?
Denovo se sentindo a mesma otária
Pois por segundos esqueci,
que se eu nao quero, minha vagina nao tem que ser solidária,
e atender no meio da noite, sua visita inesperada.
Vai dormir.
Bolivia, La Paz – Abril 2015
Sabe aquele deja-vú desconfortável ?
– É a mesma sensaçao de te reencontrar!
Bolivia, La Paz – Abril 2015
Há algo como mandalas saindo de minhas veias
Nao sei bem como explicar
É como se meu copro se difundisse em partículas
E se fundisse com o ar…
Como se o calor do sol invadisse meu peito
e nos tornassemos um só
Bolivia, La Paz – Abril 2015
Para você que gosta de arte subversiva e poesia marginal acompanhe doce acidez no face :
Daí vocês sentam, tomam um suco de pózinho, comem um salgado de 50 centavos – depois de endividar o cartao de crédito no varejao do centro da cidade, dao aquele suspiro largo, e magicamente tudo parece melhorar.
– mas nao!
Março de 2016 – La paz, Bolivia.
Sempre foi uma necessidade nossa compartilhar e antes compartilhavamos com todos, nao só com psicólogos ou em redes sociais.
Mas de alguma maneira a convivência sempre nos feriu e armamos uma guerra contra ela – um tanto quanto ambígua – Pressuponho ;
Em que o individualista tem que lutar contra ele enquanto seus arredores transbordam até as tapas um individualismo penitente que perpetua sobre este caótico clima abobinante e obstétrico que geram as sementes inférteis e transmutadas, que vendem até os pregos usados, que dao sabor na água e defecam até nos ares…
E depois, eu que me torno um ser incivilizado, grosseiro e rebelde, por nao colocar sapatos no cachorro, por cuspir no chao ao dobrar a esquina – faz cara feia !? Aqui de noite é só lixo, merda e urina, cachorro brigando, rato correndo, respiracao ofegante e lagrimas escorrendo. Por favor, deixe sua hipocrisia na gaveta do lado do creme de mais vergonha na cara que voce esqueceu de passar !
Abril de 2016 – Cochabamba – Bolívia
Hable con los cuervos y con los semidioses
Hable con tuya turmalina negra y sus hojas medicinales
Baile con las maracas y con las sierpientes
La tierra, hermosa gira…
¿ Por quê no bailar con ella ?
¿ Mirastes las nubens ?
Las que conosco lloven cascadas…
Março de 2016 – La paz, Bolivia.
Pois a inspiraçao pode durar anos, meses, segundos, minutos, e morrer a qualquer hora !
Março de 2016 – La paz, Bolivia.
Fui cobaia de suas pesquisas
Cumplice de suas mentiras
Capacho de seus pés
Fui escrava de seus caprichos
Vítima de seus crimes
Cumplice de seus segredos vazios
Complacente do que me oprimia
Em ti eu encontrava abrigo
Até te chamava de amigo
Pois sequer entendia o perigo…
Aquele perigo de nao se libertar…
Março de 2016 – La paz, Bolivia.
A vingança eu comi fria
Digeri a solidao
Solidao nao se digere
Eu entao regorgitei
Todas as vezes que recordei
E acordei…!
Na alvorada de bondade
Caiu a tarde de paixao
A noite é a minha amiga
Pois sempre esteve presente
Pela janela ou pelo chao…
Fevereiro de 2016 – Coroico, Bolivia
Eu sou vulto das estradas
Tenho corvos em minha cabeça,
e as cigarras não me deixam dormir
Eu plantei anarquia :
– Na primeira colheita veio o rompimento ; Na segunda colheita o conhecimento ; Na terceira rebelião ; Na quarta discórdia ; Na quinta juro que quase desisti ; Por casualidade suicidio social ; Sábado expandiu ; Domingo libertou-se.
Eu renasci ! Confesso que me matei e renasci e não foi uma só vez
Te conto que fui mais carente de mim que qualquer um por mim
Rebelei sim contra meu eu lírico interrompido
Beijei o proprio cupido e renasci todos os dias, me questionei todas as noites, E no meio de cada gota de suor me lamentei de não poder sorrir e agradecer mais por parecer injusto, por outras nem pensar e derepente estar lá sorrindo a ironia da vida
Coitado daquele que não se expande
Do sorrateiro e belo
Pobre daquele que não tira a poeira do lugar
Eu me remexo, eu mexo, eu sou pirata das faixas de pedestre
Eu entro quando ta vermelho E no meu lugar você não queria estar. Porquê eu quero a Terra desgovernada pela autonomia! Quero os animais vivos e livres, e penso que se libertar é mais importante que um carro. Provaria o espinho de todos os cactus do caminho, mas não trocaria minha vida por plástico, latas e enxofre. Não trocaria o amor de um cachorro por uma casa arrumada e sem ruídos. Eu bailo porquê sou anti-musical. Eu abro, eu solto, eu giro o mundo observando andorinhas, eu invado espaços como erva daninha. Falo alto pra quem quer ouvir, converso baixo com os que sabem amar, respeito é lei em qualquer lugar.
De resto eu amo as estrelas, converso cuidadosamente com a lua, amo humildemente cada dia.
Mês passado fez um ano que não vejo o mar… Pacífico, espere me, pois meu corpo ferido de caos vai flutuar
Março de 2016 – La paz, Bolivia.
Não quero flores,
Por mais que lindas e perfumadas, não cheiram a sangue. Não se parecem com nosso sangue derramado todos os dias por conta da violencia herdada pelo patriarcado. Nossas mamas ainda sensuradas ou sendo tratadas como algo ilícito, estas que alimentam todos desde o primeiro sopro da vida.
Não quero flores pois não me parece nada delicado ser acusada pela minha própria violência sexual por conta de minha roupa, minha idade, meu corpo. Parabéns pra mim e para todas as mulheres que chegaram a este alcance da vida aguentando tanta estupidez machista desde o berço todos os dias e que mesmo assim não desistiram de estudar, lutar por salarios iguais, ou que enfrentaram até mesmo o preconceito das “Vagas Masculinas”. A todas as mulheres itinerantes, viajeiras, que assim como eu busca autonomia, que fazem malabares. artesanato, zine, mangueia rango, que resistem nas okupas, nas calcadas sem nescessitar de pai, marido ou qualquer “macho provedor” ; Muita forca as mães solteiras que sempre estive solidaria sem excessão a todas que conheci, por mais que não tenha filhos vocês tem todo o meu respeito e admiração. Não queremos flores, só queremos ser tratada como “gente” se isto é pedir muito! E isto não parte de nós, de merecimento ou algo do tipo, parte só do opressor deixar de nos oprimir. BASTA !
Março de 2016 – La Paz, Bolivia.
A pureza desse amor,
Me levou a grande loucura
Me diz, qual mae que sorri,
na noite escura que seu filho nao está no quarto ?
Fevereiro de 2016 – Coroico, Bolivia.
Quantas vezes minhas lágrimas pulsaram
Pulsaram mais efervescente que o pulsar do miocárdio…
A solidao, só mais outra inimiga amigável
O combate, as novas nostalgias…
O amor, uma flor a florecer (que murcha)
– que cai pelo pasto , vasto… verde, colibris
A quanto tempo bailando com Sansara
Cutucando a ferida que nunca sara
comendo pela estrada jabuticabas
Pintando com minhas pálpebras
Um mundo celeste, com aroma de anis
Bendito aquele que bendiz
Nesta História de “bem me quer” ou “mal me quer”
Eu voei com os bem-te-vis
E do lixo saquei minha comida e até a colher !
Vou fazer revoluçao,
Nao por minha vagina,
Nao por acreditar ser homem ou mulher…
É questao de ser feliz
E nao de maneira qualquer
É nescessario buscar
Da vida eu sou outro mero aprendiz
Com um histórico cheio de lástimas,
vergonhas, desassossegos, brigas,
molejos, jogos de cintura, e muitos desejos…
Fevereiro de 2016 – Coroico, Bolívia.